sábado, 26 de outubro de 2013

Sobre sonhos e resistências.


Nas andanças dessa vida, um agricultor me disse certa vez com toda sua sábia simplicidade peculiar que "a gente nunca deve desistir, pois juntos trabalhando e lutando por nossos direitos e sonhos, um dia (por mais longe que esteja) a gente vence os homens maus."

É sempre animador ver a beleza da luta nestes caminhos que a gente percorre, mas ao mesmo tempo é sempre um desafio pro coração de militante enxergar a realidade nua e crua em que vivem os nossos camponeses e trabalhadores de todo o mundo, expropriados e privados de seus direitos básicos.

A cada dia que passa, com tantos novos desafios, com tantas forças contrárias atuantes, com tantos passos a caminhar e tanto ainda a aprender, tenho tido cada vez mais certeza daquilo que quero trilhar e construir para minha vida e a serviço de quem estará o meu conhecimento, enquanto profissional, enquanto militante, enquanto gente.

Tenho sido povo e persisto continuamente em ser povo e a construir-me coletivamente combatente defensora da classe trabalhadora.

Me angustia ainda o quanto temos a avançar e como somos ainda pequeninos diante dos donos do poder. Mas reafirma-se a certeza da justiça e da beleza do nosso projeto a cada riso tímido dos agricultores e agricultoras ao falarem da resistência e da necessidade de lutar, a cada mão que apertam as minhas mãos, me fazendo sentir e testemunhar as rugas de toda uma vida de trabalho e sofrimento . 

Completa-me minha gente e sua discreta esperança, seu sorriso amarelado, sua pele enrugada que traduzem muito mais do parece. Seu sotaque simplificado dizendo muito mais do que eu sei dizer.

É sempre motivo de alegria e renovação saber que em cada canto desse vasto mundo há semeadores de sonhos, há companheiros e companheiras firmes nas lutas, trabalhando na perspectiva da transformação social.
É minha gente
e com eles luto
acredito
amo
e sonho.

Para os homens maus, gritemos:

Com todos os semeadores de vida, com todos os sonhadores, com todos os agricultores e agricultoras, trabalhadores e trabalhadoras de todo o mundo.
Pela mãe terra soberana, pelas sementes, pela água, pela justiça social, pela vida, pelas mulheres, por Zé Maria e todos os companheiros que tombaram na luta

NÓS NÃO DESISTIREMOS NUNCA!

"Sonhar enfim com a vida, com respeito e igualdade. Sonhar com dignidade e um mundo não dividido, com um povo tão sabido que chega até ser medonho. Sonhar em fazer do sonho um grande acontecimento, onde todos os dedos se cruzando, segurem a delicadeza e, acalentem a pureza de quem sonha, mas lutando." (Ademar Bogo)

Globalizemos a luta
Globalizemos a esperança.



25.10.2013 - 
Fim de tarde, ao chegar da caravana, com o coração pulsando forte
 e os sonhos de mudança cada vez mais presentes.