sábado, 19 de outubro de 2013

está longe, mas aqui.

É madrugada.
Meus livros estão espalhados no chão do quarto mais quente da casa. Faz calor, mas recuso o ventilador guardado no canto - eu realmente não consigo me adaptar a essas coisas da modernidade.
Prefiro o vento que vem devagar e pausadamente da janela da cozinha - aberta a noite toda, por preferência de quem gosta de acordar com luz do sol e para amenizar o calor intenso de uma das cidades mais quentes desse Ceará nordestino.

Faz silêncio. Todos dormem e ouço somente o barulho de alguns automóveis - poucos - transitando por aí. Definitivamente - dentre muitas outras - isso é uma das coisas que não gosto nas cidades.
De um lado tento me concentrar nos estudos acadêmicos - fórmulas, cálculos, muitas folhas de rascunhos, muitas dúvidas - mas meu pensamento e o coração insistem em viajar pra longe.
Quero um mundo além dessas fórmulas, dessas normas, disso que a academia tem pra mim.

Hoje, gostaria de está em casa talvez. No meu campo cearense e tranquilo. Ouviria o vento e as folhas das árvores dançando, no alpendre em minha rede branca com cheiro de mãe.
Do mesmo modo, quereria eu estar com os muitos companheiros que estão em luta contra essas coisas insanas desse mundo cão. Gostaria de abraçá-los - tod@s - e passar a noite acordada, analisando a conjuntura, com frio na barriga e no corpo, mas com o coração quente vermelho-sangue.

Faz um silêncio doloroso agora.
Não me conforma ter que está aqui. Não me conforma ler fórmulas baratas de uma educação mercantil. Não me conforma a lógica perversa dessa educação que aprisiona e domina.

Quero povo. Quero gente.