o povo grita
semeando a resistência
Ao lado: a barragem
aprisiona a água
colocando-a a serviço dos maus.
A barragem inimiga
está ali: grande e destruidora
Cadê minha casa?
meu pé de oiticica
o terreiro, a galinha?
Cadê o Jaguaribe?
Rio de minha infância.
Cadê a piaba, o peixe de domingo?
a calçada o córrego?
Cadê o jumento,
a ancoreta, a lata d'água?
Os meninos indo buscar água no rio
'Inda lembro.
Água-vida
transformaram-na
Água-morte.
A barragem inimiga
levou nossa terra
nossa casa
nosso quintal
até nosso pé de limão
de caju, de juá.
A barragem inimiga
ainda me faz chorar.
Mas, o povo grita!
A barragem não levou tudo
ainda persiste o sonho
a esperança
a solidariedade.
'inda têm a resistência.
Por mais que tentem calar
a nossa voz
o grito ecoa mais alto
que os tiros dos senhores
Por mais que nos roubem o direito de viver
vivo permanece
o sonho.
Água para Vida
Não para Morte!
- ao começar a rabiscar o artigo sobre o Castanhão,
aos companheiros e companheiros construtores e construtoras
da luta pela água e pela vida.