quinta-feira, 2 de agosto de 2012

"E aos poucos, eu também ia me endurecendo (...). Meu coração cada vez mais me ocupava lugar menor dentro do peito, e só de noite, sozinha, é que eu lhe afrouxava a prisão. Só de noite é que eu sonhava e recordava, querendo ou sem querer. Dormindo, acordada, rolando na cama, minha velha cama agora de colchão novo, onde eu, viúva, me deitava atravessada. Dormindo, acordada, sonhando. E revivia, e relatava, e relembrava, naquelas horas sozinha, eu não podia abafar..."
(Dôra, Doralina - Rachel de Queiroz)